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O Dia do Orgulho LGBT é para celebrar e reconhecer que há ainda muito por fazer!

O Dia do Orgulho LGBT é para celebrar e reconhecer que há ainda muito por fazer!
 
 O Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, entidade sem fins lucrativos, fundada em 21 de maio de 1993, no Rio de Janeiro, instituição de utilidade pública estadual e municipal, em razão de hoje, 28 de junho, data que celebra o Dia Mundial do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres transexuais, homens trans) em todo o mundo, vem saudar toda a comunidade LGBT que tem ao longo das últimas décadas resistido e afirmado o seu direito de existir e de amar quem quiser.
 
A celebração é em virtude da Revolta de Stonewall, em Nova Iorque, quando, cansados das rotineiras batidas policiais, LGBT reagiram por três noites com seu desfecho no dia 28 de junho de 1969. A revolta começou no bar Stonewall Inn e alastrou-se para todo o bairro Greenwich Village. As palavras IGUALDADE, DIGNIDADE, ATITUDE E ORGULHO foram as mais entoadas naquele momento, marco do novo movimento em defesa do direito de existir e expressar o afeto e a sexualidade. Em 1970, os nova-iorquinos tiveram a sua primeira Parada LGBT para celebrar a data, seguida por várias cidades em todo o mundo.
 
No Brasil, em 1995, aconteceu a primeira Parada do Orgulho LGBT, chamada na época de Marcha Pela Cidadania de Gays, Lésbicas e Travestis, realizada em Copacabana. Hoje mais de 250 cidades no país realizam Paradas, cobrando direitos, denunciando a discriminação e a tentativa de setores políticos e de religiosos fundamentalistas de impedirem o avanço da cidadania LGBT, como acontece atualmente no legislativo federal.
Cotidianamente a mídia e ativistas por todo o Brasil denunciam situações de discriminação em razão da orientação sexual e identidade de gênero, que vai de constrangimento, agressão verbal, agressão física, até assassinatos com requintes de crueldade. Infelizmente, o Rio de Janeiro é parte dessa realidade. Todos os dias em algum lugar de nossa capital e do nosso estado uma pessoa é vitimizada pela discriminação por orientação sexual e ou identidade de gênero, seja na escola, no trabalho, na família, nas ruas, entre outros. Pessoas trans proporcionalmente são as mais perseguidas. Os dados apontam que pessoas LGBT negras e pobres são alvos constantes da Lgbtfobia.
 
Estado e religião não podem se misturar. É fundamental que o poder público, em suas diversas esferas e instâncias, não permita a interferência de segmentos religiosos na sua atuação para assim assegurar a cidadania de todas as pessoas. O Estado deve ser laico!
 
Ao longo dos últimos 20 anos, a população LGBT obteve algumas conquistas. No plano nacional, ampliou a visibilidade de sua agenda na sociedade e na mídia. O movimento LGBT se diversificou, apontando outras formas de atuação e organização. A produção acadêmica na temática vem tomando corpo, com vários estudos e pesquisas que contribuem para o debate da necessidade de se enfrentar a discriminação e promover direitos. Conquistamos no Supremo Tribunal Federal o direito a união estável e ao casamento civil. Há um maior reconhecimento das demandas da população LGBT nas políticas públicas federais, com a criação de conselhos, grupos de trabalho, coordenadoria, mas, no entanto, o Governo Federal não vem produzindo ações efetivas e abrangentes para enfrentar a discriminação e afirmar direitos da população LGBT, ainda tratada como cidadãs e cidadãos de segunda classe.
 
Ainda hoje, a resposta governamental é frágil e incipiente. É urgente a criação de um sistema nacional para o enfrentamento da Lgbtfobia, integrando os governos Federal, Estaduais e Municipais, as polícias federal e nos estados, a civil e militar, o Poder Judiciário, os MP federal e estaduais, as defensorias públicas, as universidades, as ONGS, entre outros. A responsabilidade de dirigir esse processo deve ser do Governo Federal. Para além de recomendações e intenções, é urgente a implementação de políticas públicas efetivas nas diversas áreas governamentais, como educação, saúde, cultura, cidadania, trabalho, assistência social, comunicação social, justiça, direitos humanos.
 
No âmbito do estado do Rio de Janeiro, cobramos ao governo estadual que devolva para a sociedade os serviços de atendimento a LGBT, construídos nos últimos nove anos. Hoje, os quatros Centros Regionais de Cidadania LGBT e o Disque Cidadania LGBT (0800 0234567) do Programa Rio Sem Homofobia, que de 2010 a 2016 fez quase 95 mil atendimentos, estão praticamente fechados por falta de pagamento das equipes técnicas e de compromissos e estratégias por parte do governo para reestabelecer os serviços, deixando a população LGBT sem atenção às suas demandas. A política LGBT no estado passa por um processo de desmonte e não aceitaremos este retrocesso. O Rio de Janeiro já foi reconhecido como o estado com a maior política pública LGBT do Brasil. Exigimos que o governo Pezão reestabeleça urgente o Programa Rio Sem Homofobia!
 
Na cidade do Rio de Janeiro, as ações e políticas LGBT que vinham sendo implementadas na gestão anterior sofrem um grande revés, tanto no enfraquecimento institucional da Coordenação Especial da Diversidade Sexual, que foi desvinculada do Gabinete do Prefeito para a Casa Civil, quanto nos seus programas, como o Projeto Damas e ações de prevenção no Carnaval, entre outros, que sofreram grande redução e descontinuidade. O Governo Crivella, desde março, vinha negando uma posição clara quanto ao apoio tradicional da Prefeitura a realização da Parada do Orgulho LGBT do Rio de Janeiro, o que agora, se afirma através da CEDS e da Riotur, que não vai apoiar o evento, que é o terceiro maior da cidade do Rio de Janeiro. Nas eleições municipais de 2016, Crivella quando questionado sobre como atuaria em relação às políticas LGBT existentes e, especificamente com a Parada do Orgulho LGBT de Copacabana, prometeu que manteria o patrocínio da Parada, e hoje age ao contrário, colocando em risco a realização de um importante evento de reivindicação de direitos e promoção da diversidade sexual, uma grande ação contra o preconceito e pela construção de um Rio plural, sem Lgbtfobia, racismo, machismo, desigualdades sociais. Exigimos que o Governo Crivella governe para todas as pessoas sem preconceito.
 
Neste dia, reafirmarmos o compromisso com a comunidade LGBT em manter a luta contra a discriminação e pela promoção da cidadania LGBT em nossa cidade, estado e país. Também reafirmamos o compromisso em buscar realizar a 22ª Parada do Orgulho LGBT Rio, no dia 15 de outubro próximo, em Copacabana, mantendo os princípios de autonomia, independência, não atrelamento e diversidade de ideias. Convidamos o movimento e a comunidade LGBT, bem como a sociedade a apoiar o evento e a se posicionarem contra a mais essa estratégia de tentar enfraquecer a nossa luta por liberdade e por direitos.
 
Em 1993, quando o Grupo Arco-Íris foi fundado, foi alcunhada a seguinte visão: “O Grupo Arco-Íris é a possibilidade de você ser você mesmo e ainda assim caminharmos junt@s!”. É nesse espírito de unidade na diversidade que reafirmamos que junt@s somos mais fortes. Neste 28 de junho, vamos celebrar sim a nossa luta pelo direito amar quem quiser! Orgulho sim daqueles e daquelas que se foram e daquelas e daqueles que ficaram. Orgulho de nossa luta! 
 
Rio de Janeiro, 28 de junho de 2017
 
WhatsApp Image 2017-06-28 at 11.12.52Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT